quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Reunião sela destino de Eduardo e saída do PSB da base aliada
















Hylda Cavalcanti
Da Rede Brasil Atual


Tem sido cada vez mais forte a pressão do PSB junto ao governador Eduardo Campos pela definição, de uma vez por todas, sobre os rumos a serem tomados pelos socialistas no ano que vem e um possível rompimento com o governo Dilma Rousseff (PT). A decisão pode sair nas próximas horas, quando o governador tem agendada reunião extraordinária com a executiva da sigla na capital.

“Se fosse hoje e eu pudesse escolher, sairia candidato. Mas sou presidente nacional do PSB e sei que isso precisa ser avaliado em conjunto, porque implica em riscos e consequências para todos que integram o partido.” A frase teria sido proferida pelo governador durante reunião em Fortaleza, na última semana, com representantes da legenda, e resume bem o impasse em que se encontra em relação à aliança PSB e PT.


Apesar desse discurso e de ainda ter destacado preocupação com o crescimento do PSB nos estados e com a eleição de mais governadores e parlamentares pela legenda no próximo ano – a insatisfação tanto de parlamentares, como também ministros e governantes do PSB e do PT, conforme informações de pessoas próximas a ele, chegou a um ponto em que não dá mais para esperar.

Por conta disso, desde a noite da última segunda-feira (16), o governador está em Brasília participando de reuniões diversas com dirigentes do partido e ministros da sigla – como o secretário nacional de Portos, Leônidas Cristino. Também é tido como certo que Eduardo Campos aguarda um horário para ser recebido pela presidente Dilma Rousseff, para falar sobre seus planos e colocar os “pingos nos is”.

O que políticos ligados ao governador avaliam, principalmente os governadores do partido, preocupados com as composições estaduais para as eleições do próximo ano, é que a estratégia inicial de Eduardo deu errado. O esperado era manter em banho-maria essa possibilidade de vir a ser candidato, aguardar a decisão das convenções dos diretórios em outubro e oficializar seu caminho depois disso, o que culminaria com a saída do PSB do governo Dilma Rousseff em dezembro ou janeiro.

Mas as reuniões constantes com empresários do Sudeste, a postura de pré-candidato, as críticas às medidas adotadas pela equipe econômica nos últimos meses e, principalmente, a aproximação com o PSDB, divulgada amplamente, irritaram a presidenta e aumentaram as inseguranças em relação à aliança PT/PSB.

Se por um lado Dilma mandou recado por meio de pessoas próximas que chegaram à imprensa, por outro correligionários do PSB começaram a considerar que a situação reflete um constrangimento desnecessário e, por isso mesmo, necessita de uma tomada de posição. “Quando faço algum comentário sobre colegas, costuma ser para o bem. Mas, neste caso, preciso afirmar que não acho de bom tom manter cargos no governo se for mantida essa postura pelo PSB.

A cada dia que passa, a necessidade de definição sobre isso fica num espaço mais estreito”, enfatizou o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), um dos governantes mais próximos da presidenta.

“O PSB muito mais contribui. Se for para ficar criando esse ambiente, via imprensa, acho que o melhor é entregar mesmo os cargos”, afirmou o deputado Júlio Delgado, presidente do partido em Minas Gerais. Segundo ele, a definição é importante para, caso a aliança venha a ser mantida, acabar com a hostilidade que vem sendo observada por parte do governo junto aos socialistas – um sentimento que é dividido em vários estados onde o PSB possui governantes.

A avaliação feita pelos parlamentares do partido é que são duas as preocupações que levam à cobrança por uma definição. Em primeiro lugar, os socialistas acham que o clima de divisão entre PSB e PT já está maior do que se esperava. Atribuem que teria sido insuflado, principalmente, por representantes do primeiro escalão do governo do PT e pelo PMDB, uma vez que os peemedebistas objetivam receber de presente os cargos que estão, hoje, nas mãos de pessoas indicadas pela legenda presidida por Eduardo Campos. Seria uma forma, inclusive, de o governo negociar a fortificação de alianças com o PMDB nos estados.

Como segundo fator, entendem que causou incômodo o aumento do assédio do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, um dos principais articuladores do governo Dilma, junto aos governadores do PSB no sentido de convencê-los a permanecerem aliados do PT. Pesaram, ainda, as próprias declarações do governador, vistas como exageradas para quem queria tocar essa indefinição com cautela.

Para completar, os dirigentes mais antigos do PSB acham que as andanças do presidente nacional estão levando o partido a ser visto com um caráter mais à direita, fugindo de sua tradicional postura de esquerda. “Ele pesou a mão em sua busca por costuras”, afirmou um senador aliado.

Fonte: Blog do Magno Martins

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