segunda-feira, 22 de maio de 2017

Temer usa explicação inverossímel para encontro com Joesley



Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Citada pelo presidente Michel Temer como um motivo para receber o empresário Joesley Batista, da JBS, a Operação Carne Fraca só foi deflagrada dez dias após o encontro dos dois no Palácio Jaburu, em março.
Em entrevista à Folha de S.Paulo publicada nesta segunda (22), Temer falou que Joesley o procurou três vezes. "Ele é um grande empresário. Quando tentou muitas vezes falar comigo, achei que fosse por questão da Carne Fraca. Eu disse: 'Venha quando for possível, eu atendo todo mundo'. [Ele disse:] 'Mas eu tenho muitos interesses no governo, tenho empregados, dou muito emprego'".
O encontro dos dois, que foi gravado e provocou a maior crise do governo Temer, ocorreu no dia 7 de março. A Operação Carne Fraca só saiu do sigilo e cumpriu seus mandados no dia 17, uma sexta-feira. A JBS, dona das marcas Seara e Big Frango, foi uma das principais atingidas.
Temer vem sendo criticado por ter recebido de maneira informal, sem constar em agenda, um empresário que já era alvo de diversas investigações. Na entrevista, Temer afirmou ainda que Joesley conseguiu seu telefone e que então ficou "sem graça de não atendê-lo".
Questionado, o presidente disse também que tem o "hábito", que diz não ser ilegal, de marcar audiências fora da agenda. "Marco cinco audiências e recebo 15 pessoas. Às vezes à noite, portanto inteiramente fora da agenda. Eu começo recebendo às vezes no café da manhã e vou para casa às 22h, tem alguém que quer conversar comigo."
Fonte: Reuters/Yahoo

Aécio teria articulado barrar Lava Jato com Temer e Alexandre de Moraes, cita Janot em pedido de inquérito


BRASÍLIA (Reuters) - O senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) teria tentado organizar uma forma de impedir que as investigações da operação Lava Jato avançassem em parceira com o presidente Michel Temer e o ex-ministro da Justiça e atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, conforme trecho do pedido de abertura de inquérito contra o tucano e o peemedebista feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Segundo Janot, citando a atuação de Aécio, a forma para brecar o prosseguimento das apurações seria por meio "escolha de delegados que conduziriam os inquéritos, direcionando as distribuições". Contudo, o tucano, conforme despacho do procurador-geral, disse que isso não teria sido "finalizado" entre ele, Temer e Moraes.
Em uma das conversas, transcrita no pedido de abertura de inquérito por Janot, Aécio disse: "O que vai acontecer agora, vai vir inquérito sobre uma porrada de gente... eles não notaram o cara que vai distribuir os inquéritos para os delegados, você tem lá, sei lá, 2 mil delegados na Polícia Federal, aí tem que escolher dez caras. O do Moreira (Franco), o que interessa a ele, sei lá, vai pro João, o do Aécio vai pro Zé... nem isso conseguiram terminar, eu, o Alexandre e o Michel", disse.
Aécio se licenciou da presidência do partido na quinta-feira e foi afastado de suas funções de senador por decisão do ministro Edson Fachin, relator da operação Lava Jato no STF. Apesar da citação a Moraes, não há qualquer pedido de abertura de investigação ou outro procedimento referente ao atual ministro do STF. Temer e Aécio estão sob investigação.
O PSDB afirmou, em nota divulgada no site do PSDB, que não existe qualquer ato do senador, como parlamentar ou presidente da legenda, que possa ter colocado qualquer empecilho aos avanços da Lava Jato.
"O senador Aécio Neves jamais agiu ou conversou com quem quer que seja no sentido de criar qualquer tipo de empecilho à Operação Lava Jato ou à Polícia Federal, que sempre teve seu trabalho e autonomia apoiados pelo senador em suas agendas legislativas, e também como dirigente partidário", diz a nota.
O ministro Alexandre de Moraes não se manifestou e o presidente Temer disse em nota que não tem envolvimento em nenhum tipo de crime.
(Por Ricardo Brito)

Fonte:Reuters/Yahoo