O deputado estadual Cleber Chaparral ( União Brasil), fez história ao se tornar o primeiro prefeito não nascido em Surubim para governar a Capital da Vaquejada, após décadas de história. Natural de Orobó, Chaparral venceu as eleições municipais com 18.500 votos.
Diante de um governo sem grandes obras e cheio de problemas, Chaparral venceu a candidata da atual prefeita, Veia de Aprígio, e conseguiu também vencer o ex-prefeito por dois mandatos, Flávio Nóbrega.
O agora prefeito eleito pôs fim a Era PSB em Surubim, que durava quase uma década. Antenado com as redes sociais, Chaparral conseguiu conquistar os votos dos jovens, que representa boa parte do eleitorado.
Além disso, seu jeito popular conquistou uma boa parcela do eleitorado da zona rural e das camadas mais pobres da população.
O grande trunfo de Chaparral para a vitória, no entanto, foi o governo frágil da prefeita Ana Célia, tornando - a incapaz de alavancar votos para fazer a sua sucessora. Na educação, em oito anos de mandato, por exemplo, a gestora construiu apenas uma escola de Educação Infantil com apenas 4 salas de aula. Nenhuma grande obra foi feita para deixar sua marca e boa parte das obras feitas aconteceram no fim dos seus dois mandatos, às vésperas das eleições.
Eleito, Chaparral tem grandes desafios como a construção de uma nova rodoviária. A antiga foi doada ao Corpo de Bombeiros para a instalação de uma base regional em Surubim e desde então a cidade que é uma das maiores do interior tem apenas um pequeno e inadequado ponto de apoio aos ônibus ao lado dos Bombeiros.
Outro desafio do futuro gestor é estimular o turismo. Rica em cultura e potencialidades turísticas, Surubim não tem um museu para contar a sua história e de seus filhos ilustres, Chacrinha e Capiba, bem como a história da sua famosa vaqueja, que é a mais antiga do país.
A geração de renda é outro ponto que precisa de atenção. Embora seja o quinto maior produtor têxtil do estado e um dos maiores do país, o município não dispõe de um polo para vender a produção local de jeans, como acontece em Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe e Toritama. Também não há cursos profissionalizantes para capacitar a mão de obra e gerar emprego e renda.
Com uma população que beira os 70 mil habitantes, Surubim também não dispõe de parques e áreas de lazer amplas para a sua população. Há anos os surubinenses sonham com um parque municipal onde está localizado o Açude da Cabaceira, promessa do ex-prefeito Humberto Barbosa, mas que nunca saiu do papel. A população dispõe apenas de pequenas praças, muitas delas em mau estado de conservação como a do Ipsep e do Coqueiro, privando a população de lazer e da prática de esportes.
Na educação as escolas do município necessitam de melhorias na infraestrutura. Além disso, os índices educacionais do município precisam ser melhorados e os profissionais da educação necessitam de mais formações continuadas e uma melhor valorização salarial.
Tema de grandes debates entre os candidatos ao pleito de 2024, Surubim precisa também de uma maternidade regional, com atendimento 24 horas. Boa parte das grávidas do município são transferidas para municípios do Agreste, Zona da Mata e Região Metropolitana por falta de uma maternidade local.
No campo o desafio será enorme. Estradas abandonadas e esburacadas viraram um símbolo da gestão atual. A falta de poços artesianos na zona rural e o abandono de outros já existentes, é outro problema. Além disso, o fechamento de escolas do campo é também um desafio a ser enfrentado pelo novo gestor. No Distrito do Chéus, que sofre há anos com a falta de políticas públicas, o cenário é de um filme de uma cidade abandonada, com sua praça sem vida e casas fechadas. Os sítios Baracho e Muruabeba foram engolidos pelo município vizinho de Salgadinho, diante do abandono da prefeitura.
Na cultura, a ausência de cinema, teatro e apresentações musicais com frequência é outra reclamação constante da população. As festas culturais da cidade são apagadas e as ornamentações das ruas deixaram muito a desejar na atual gestão.
Chaparral fez história ao ser eleito prefeito, mas terá grandes desafios em suas mãos nos próximos quatro anos e para manter seu grupo político no poder. A cidade mais rica da região foi por anos abandonada à própria sorte e o povo demonstrou sua insatisfação nas urnas.
Por João Paulo Lima