quarta-feira, 28 de setembro de 2016

88 anos de Surubim: Perspectivas e desafios


Esse ano Surubim completa 88 anos de Emancipação Política. Localizado no Agreste Setentrional, o município que pertencia a Bom Jardim cresceu e logo consolidou-se como uma das mais importantes cidades do interior de Pernambuco, inicialmente com a base da economia voltada para a agropecuária e, posteriormente, para o comércio.
Com as plantações de algodões que perdiam-se de vista na zona rural, Surubim transformou-se na Terra do Algodão e sua riqueza fez nascer importantes personagens políticos na história do município e da região, a exemplo de Severino Farias.
Conhecida nacionalmente como a Capital da Vaquejada, a cidade fundou também nos tempos áureos do algodão a sua famosa exposição de animais, uma das mais antigas e importantes do Nordeste brasileiro.
O comércio transformou o município em um dos maiores polos econômicos do Agreste, possuindo além de uma ampla rede bancária,uma das maiores feiras livres do interior.
Atualmente, seguindo o exemplo de outros municípios como Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe e Toritama, Surubim foi incluída no Polo de Confecções do Agreste, sendo hoje a quarta maior produtora de confecções do estado. Graças a esse crescimento, o município irá ganhar um dos maiores e mais modernos polos comerciais do país, o Surubim Moda Center, com um investimento de 40 milhões de reais.
Além da vaquejada, Surubim é projetada nacionalmente pela sua riqueza cultural, a exemplo do legado deixado por dois de seus filhos mais ilustres: Chacrinha e Capiba. Esses dois artistas surubinenses destacaram-se no cenário nacional com seu talento e genialidade.
Mas apesar de toda essa riqueza econômica e cultural, o município tem grandes desafios pela frente. Em ano de eleições municipais, o candidato ou candidata que vencer a corrida eleitoral deste ano terá grandes problemas a resolver a partir de 2017.
Na questão da cultura, a cidade necessita de investimentos urgentes. A Terra de Capiba e de Chacrinha não possui um simples museu que seja para contar e perpetuar a história de seus filhos ilustres para a presente e as futuras gerações. A vaquejada, seu símbolo maior, também não possui nenhum espaço permanente em que as pessoas possam visitar para conhecer de onde veio esse esporte tipicamente nordestino e que encanta milhões de nordestinos espalhados por todo o país.
O único centro cultural da cidade, que recebeu o nome de um dos mais importantes escritores pernambucanos e naturalizado surubinense, Dr. José Nivaldo, está entregue a própria sorte. O acervo de livros deixado pelo escritor como doação para o centro encontra-se abandonado. Da mesma forma, encontra-se a Biblioteca Pública Municipal de Surubim, que funciona no mesmo espaço de forma precária e está praticamente desativada.
Com um acervo ultrapassado e sem novos investimentos em títulos, a Biblioteca Municipal padece no esquecimento da gestão municipal e dos leitores que deixaram de freqüentá-la pela falta de um espaço adequado para o seu funcionamento e que em nada provoca o gosto e o prazer pela leitura.
O antigo museu de Chacrinha, hoje é uma casa abandonada, localizada em uma das mais importantes avenidas da cidade, a Agamenon Magalhães. Pintada de preto, em sinal de luto pela morte do museu, a casa que abrigava uma parte do acervo do artista e contava um pouco da sua vida e carreira, tem estampada na sua fachada uma frase que representa bem a atual situação da história cultural da cidade: POVO SEM MEMÓRIA, POVO SEM HISTÓRIA!
As praças da cidade também encontram - se em estado de abandono e um lugar que é carente em espaços de lazer, deixa os poucos que existem irem se degradando. Sem flores, sem grama, sem pintura, com bancos quebrados, fontes secas, canteiros deteriorados, as praças surubinenses perdem sua beleza. Os cartões postais da cidade, que deveriam ser locais de divulgação das suas belezas para turistas e visitantes, são hoje espaços de abandono e esquecimento.
Na saúde, o único hospital municipal da cidade está sendo fechado para dar lugar a uma UPA. Nada contra a chegada de uma Unidade de Pronto Atendimento, desde que para isso um hospital não tivesse que ser fechado. Enquanto cidades como Limoeiro e Belo Jardim ganharam UPAs e manteram seus hospitais abertos para reforçar a oferta de especialidades médicas para a população, Surubim vai na contramão da saúde e deixa um dos mais modernos hospitais do interior ser fechado para gerar assunto político e virar uma fonte de votos em ano eleitoral. O novo governo municipal assumirá 2017 com o grande desafio de atender uma população em crescimento, que beira os 70 mil habitantes, voltando agora a contar com apenas um hospital e uma UPA para emergências.
Na educação, urge a necessidade de instalação de uma universidade pública presencial, há anos sonhada pelos surubinenses, mas até agora nunca implantada por nenhum governo.
Nos seus 88 anos, Surubim tem muito o que comemorar, mas também muito o que refletir sobre seu presente e, principalmente, sobre o seu futuro. O município tem tudo para ser um dos maiores polos de confecções do país e um dos mais importantes centros econômico e cultural de Pernambuco, ou não. Está nas mãos dos próprios surubinenses o seu desenvolvimento ou a sua decadência.

Parabéns Surubim, pelos teus 88 anos de história! 

João Paulo Lima
Professor e Blogueiro 

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