domingo, 30 de novembro de 2014

Papa Francisco e Patriarca da Igreja Ortodoxa declaram projeto de reunificação

Papa Francisco e Patriarca Ecumênico Bartolomeu I firmam declaração conjunta em Istambul Foto: Filippo Monteforte / APISTAMBUL, TURQUIA - O Papa Francisco e o Patriarca Ecumênico Bartolomeu I, líder da Igreja Ortodoxa, fizeram neste domingo uma declaração conjunta em Istambul, na Turquia, que poderia abrir o caminho para a reunificação das duas correntes cristãs, separadas há mais de mil anos.

Francisco assegurou que a união não poria riscos à tradição e aos ritos dos ortodoxos, que seriam mantidos. Segundo ele, "não se trata de absorção nem de submissão, mas sim da aceitação de todos os dons que Deus tem dado a cada um".
Católicos e ortodoxos caminham separados desde o "Grande Cisma" de 1054, quando o grupo de cristãos do Oriente questionou a soberania do papa sobre o credo em Constantinopla (atual Istambul), capital do antigo Império Romano do Oriente.
As palavras históricas foram proferidas durante o terceiro e último dia de viagem do pontífice à Turquia. Em Istambul, Francisco participou da festividade de Santo André, irmão de Pedro e um dos discípulos de Jesus, considerado o patrono da Igreja Ortodoxa. Por ser parente do primeiro papa, o santo também serve como um dos elos de ligação entre a Igreja Católica Apostólica Romana e os ortodoxos.

CONDENAÇÃO DE 'FANATISMO RELIGIOSO'

Na sexta e no sábado, dois primeiros dias da viagem à Turquia, Francisco condenou o fanatismo e o fundamentalismo no Oriente Médio e a perseguição de cristãos na Síria e no Iraque. O pontífice afirmou que, "assim como os medos irracionais que fomentam a incompreensão e discriminação, precisam ser combatidos com a solidariedade de todos os fiéis".
Sobre o combate ao Estado Islâmico, o Papa reiterou que o problema não pode ser enfrentado só com ações militares, mas através de um compromisso conjunto "com base na confiança mútua, que pode abrir o caminho para a paz duradoura". A visita é considerada um desafio às ameaças dos jihadistas do Estado Islâmico (EI), pois ocorre após extremistas capturarem partes de território do Iraque e da Síria perto da fronteira da Turquia, declarando um califado islâmico e matando ou expulsando muçulmanos xiitas, cristãos e outros fiéis que não compartilham a crença no Islã sunita radical pregado pelo grupo.



Fonte: O Globo

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