Foto: João Paulo Lima
Quem
vê o rio Capibaribe perene em sua foz no Recife, não imagina o percurso que ele
faz em terras pernambucanas. Tema de poemas ilustres como os de João Cabral de
Melo Neto e Manuel Bandeira, o rio faz parte da história e da cultura
pernambucanas.
Nascendo
na divisa entre os municípios de Poção e Jataúba, o Capibaribe corta 43
municípios do Agreste e Zona da Mata, a exemplo de Santa Cruz do Capibaribe,
Toritama, Surubim, Limoeiro e Carpina. A história do Capibaribe confunde-se com
a de Pernambuco e é nas suas margens que se desenvolveu a capital Recife, a
Veneza Brasileira, cortada por rios e pontes. Também é através do Capibaribe
que os colonizadores portugueses adentraram no interior do estado, fazendo das
suas margens rota para o Agreste e Sertão, ligando a zona canavieira à zona da
agropecuária.
O
Capibaribe também é exaltado na literatura por importantes escritores locais e
nacionais, como João Cabral de Melo Neto em “Morte e Vida Severina” e Manuel
Bandeira.
Na
economia, o rio movimenta a produção canavieira da Mata e contribui para o
desenvolvimento da agricultura e pecuária em suas margens. Também contribui
para o desenvolvimento da pesca.
Com
o passar dos anos e o com o desenvolvimento econômico, o rio foi sendo
esquecido pela população e suas águas límpidas, utilizadas para o banho e
serviços domésticos, foram poluídas com o lançamento de lixo e do esgoto
doméstico sem tratamento de cidades e distritos que o margeiam, como Chéus em
Surubim e pelo esgoto industrial, especialmente pelas indústrias têxteis de
cidades do Polo de Confecções do Agreste.
Com
a poluição, suas águas tornaram-se impróprias para uso doméstico e para o banho
em alguns trajetos do seu percurso. Além disso, a desoxigenação gera a morte de
peixes e a diminuição da pesca e também do atrativo turístico do rio. A água
poluída também pode causar graves doenças à população.
A
erosão é o outro grave problema pelo qual passa o Capibaribe. Com o
desmatamento da mata ciliar para a agricultura e a pecuária, suas margens
ficaram vulneráveis e bancos de arreia estão sendo formados no seu leito.
O
mais pernambucano de todos os rios, enfrenta sérios problemas ambientais que
podem gerar a sua morte. Berço de várias cidades pernambucanas, o Capibaribe
agoniza diante do descaso do poder público e da falta de sensibilidade
ambiental da população ribeirinha. É necessário que haja iniciativas para que o
rio continue sendo uma importante fonte hídrica para a atual e as futuras
gerações, em uma região que tanto sofre com a seca e com longos períodos de
estiagens.
Do
rio que ainda existe, resta-nos fazer poesia:
Capibaribe
Que belas lembranças trazes
De tempos que não vão voltar
Quando em tuas águas limpas
Ainda era possível pescar
Ver os jovens namorando as
moças
Nas tuas águas a nadar
Ver as senhoras lavando
roupas
Numa cantiga sem cessar
E de quando em quando, uma
cheia
Para a surpresa dos povoados
Que no caminho estás a
banhar
Capibaribe, velho rio
Que ajudou Pernambuco fundar
Hoje padeces no esquecimento
E sofres com o
desenvolvimento
Que aos poucos vai te
matar...
João Paulo Lima
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