Foto:joseliamaria.com
Nos últimos anos vimos grandes mudanças no planeta e catástrofes naturais acontecendo em todo o mundo. Incêndios, tsunamis, terremotos, vulcões entrando em erupção, furacões. Temos assistido fenômenos cada vez mais assombrosos na natureza e que estão afetando e mudando radicalmente a vida dos seres humanos.
As mudanças climáticas tem provado intensas transformações econômicas, sociais e ambientais na Terra. E o Brasil não poderia ficar de fora delas. Estamos vendo a cada dia a seca se intensificar no Nordeste e surgi em regiões antes impensadas, como no Sudeste e no Sul do país. Até mesmo a Amazônia já tem passado por períodos prolongados de estiagem, mesmo sendo a maior bacia hidrográfica do mundo.
Em 2004, um furacão, chamado de Catarina, foi o primeiro da história a cortar o Brasil com ventos de mais de cem quilômetros por hora. Foi a primeira vez também que na história da humanidade um fenômeno desse aconteceu no Hemisfério Sul.
Todos esses sinais apontam para uma conclusão: o mundo já não é o mesmo. Surubim, assim como todas as cidades do globo não ficará de fora dessas transformações climáticas. A seca na barragem de Jucazinho anuncia uma nova fase também em nossa região e nos dá um aviso: a água da maior represa do Capibaribe é finita.
Mas de quem é a culpa da falta de água em Jucazinho? É essa a pergunta que as 16 cidades abastecidas pela barragem devem se fazer.
A estiagem dos últimos anos contribuiu de forma decisiva para que o reservatório chegasse ao índice mais baixo desde a sua construção em 1998. Vendo aquele gigante de mais de 300 milhões de metros cúbicos de água "sangrar" diversas vezes, jamais imaginaríamos que um dia ela viesse a secar. Mas hoje vemos que isso já é uma realidade quase certa.
A seca dos piores 50 anos, aliada a falta de consciência da população para o uso racional da água e a falta de planejamento da COMPESA, podem ser apontados como os grandes responsáveis para que Jucazinho chegasse a essa situação.
Se por um lado as mudanças climáticas tem atingido o nosso estado, fazendo com que a diminuição das chuvas seja uma constante, por outro, a população usou a água de forma indevida e irracional. Além disso, a falta de controle dos órgãos governamentais, sem a utilização de um maior racionamento das suas águas, através de um sistema de rodízio dos municípios atendidos pela barragem, já no início da seca, foi outra falha.
É preciso levar em consideração também que enquanto o número de cidades atendidas por Jucazinho só cresceu nos últimos anos e também as populações dessas cidades cresceram, o governo não criou nenhum novo reservatório para atender toda essa demanda. Daí o colapso que estamos vivendo e o medo que nos ronda de ficarmos cerca de quinhentas mil pessoas sem uma gota de água nas torneiras, numa região rica em indústria têxteis e que dependem desse bem precioso para a sua manutenção.
A seca em Jucazinho afeta diretamente as indústrias que dependem de suas águas, o que pode intensificar a crise econômica que já vivemos e aumentar o índice de desemprego regional.
Portanto, se a represa secar totalmente, viveremos uma crise hídrica e econômica sem precedentes, talvez nunca antes vista na região Agreste. A fome e a miséria irão se intensificar com a falta de chuvas e as confecções que sustentam boa parte da população podem também entrar em crise.
É preciso que as autoridades atentem para esse cenário e reflitam sobre as consequências que a crise de Jucazinho pode trazer para os municípios. Embora os governos estadual e municipais não divulguem os reais problemas que podem vir a ocorrer, as perspectivas são desoladoras para os próximos meses, se permanecer a estiagem.
Por João Paulo Lima
Especialista em Gestão Ambiental e Graduado em Geografia
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