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Levamos 20 anos para nos livrar de uma ditadura militar que imperou em nosso país. Os jovens foram às ruas, os estudantes, os militantes políticos, as mulheres. Centenas de pessoas foram mortas, torturadas e outras tantas até hoje seus corpos nunca foram encontrados. Tudo isso em busca de um bem da sociedade ocidental: a democracia.
Em junho de 2013 novamente o Brasil foi às ruas reivindicar melhorias na saúde, educação, segurança, transporte e tantos outros temas que foram refletidos naquele junho que marcou a história de nosso país.
A eleição de 2014 foi marcada por importantes momentos que jamais sairão da mente dos brasileiros e que serão lembrados para sempre nos livros de história. A morte de Eduardo Campos, que abalou Pernambuco e o Brasil, a entrada de Marina como favorita prometendo uma "nova política" em seu lugar, a tentativa frustrada da mídia nacional de eleger um candidato da direita apoiado pela elite nacional, especialmente a Globo, a Veja e a Folha de São Paulo. Finalmente, a queda de Aécio e a vitória triunfal de Dilma Roussef, que entra também para a história como a primeira mulher eleita duas vezes presidenta do Brasil.
Após longos debates travados nas emissoras de TV e rádio, após tantos pontos de vista e opiniões emitidos pelas diferentes mídias, por diversos artistas e intelectuais, o Brasil sai mais fortalecido em sua democracia. Um grande defensor da democracia brasileira e que lutou ferrenhamente contra a ditadura militar, Dom Hélder Câmara, dizia. "se discordas de mim, me alegras".
É com esse ponto de vista que acreditamos que para uma nação e um país serem verdadeiramente democráticos, deve haver diferentes pontos de vista, diferentes concepções de mundo, diferentes olhares para um mesmo ângulo. E quem ganha com isso é o povo, podendo expressar suas opiniões, sejam elas quais forem.
As eleições nos fizeram mais brasileiros, mais Pátria Amada, mais povo forte, guerreiro. Fomos às ruas em busca de mudanças e embora o cenário político continue praticamente o mesmo, as ideias são outras, as concepções de mundo também. Ninguém jamais será o mesmo, pois dentro de cada um nasceu a consciência de que queremos um novo Brasil para novos brasileiros, independente de quem esteja governando.
Surge agora na cabeça de algumas pessoas uma ideia de Brasil dividido entre Norte e Sul. Surgem preconceitos nas redes sociais e sentimento de intolerância e violência. Fala-se do desejo de alguns de que o Exército dê um novo golpe militar. E fico me perguntando: será que as pessoas ainda não entenderam que o que faz do Brasil um dos países mais belos do mundo é justamente sua pluralidade de ideias e culturas? Será que ainda não entenderam que o Nordeste é tão Brasil quanto o Sudeste? Será que quem quer de volta a ditadura viveu ela e sofreu com ela?
Se o Brasil vive um "chavismo" ou "bolivarismo" por ter agora o PT por 16 anos no poder, São Paulo já o vivia antes com o PSDB 20 anos reinando no poder. Precisamos repensar que nação queremos e aprender a respeitar que numa democracia, a maioria é quem vence e sendo de nossa vontade ou não, esse é o princípio de toda e qualquer nação civilizada.
As eleições passaram. É hora de voltarmos a nossa vida normal, mas sempre fiscalizando, exigindo, cobrando melhorias para nosso povo, independente de quem ganhou e de em quem votamos. Na democracia, quem governa o faz pra todos, sem distinção. Sigamos em busca de um país mais justo, mais igualitário e mais fraterno. Não é hora de brigarmos por independência de regiões. É hora de lutarmos, juntos, por um país melhor de se viver, respeitando nossas diferenças e valorizando nossas riquezas naturais e culturais.
Por João Paulo Lima
Diretor do Blog Portal Surubim
Professor de Geografia
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