sábado, 11 de setembro de 2021

Surubim, 93 anos: do boi ao polo econômico


Foto: Surubim News


Nas terras da Fazenda de Lourenço Ramos da Costa vivia seu famoso boi Surubim, animal de estimação do fazendeiro e coberto de pintas, a exemplo do peixe de água doce de mesmo nome.

Reza a lenda  que certo dia uma onça entrou na fazenda e devorou o bonito animal, dando origem à lenda do Boi Surubim e originando o que viria a ser a futura Vila São José de Surubim, tendo o esposo de Maria como seu padroeiro. Mais tarde o boi ganharia mais importância que o santo e em 11 de setembro de 1928 surgia o município, levando apenas o nome de Surubim, desmembrando-se do Município de Bom Jardim, no Agreste Setentrional de Pernambuco.

Devorado ou não, o fato é que Surubim existiu. Não podemos afirmar corretamente se a onça o devorou, mas havia também na região onças, inclusive em terras do vizinho município de Frei Miguelinho, antes chamado de Lagoa da Onça, local onde os animais iam beber água. Em conversa anos atrás com uma parente de Lourenço Ramos da Costa hoje ainda viva, a mesma me confidenciou que o boi não foi comido pelo felino, como reza a tradição. Segundo a mesma, um dos trabalhadores da fazenda teria criado a lenda quando o boi morreu e há quem diga que, na verdade, ele foi devorado por urubus, após morrer atolado num açude da fazenda ao ir beber água. Isso os historiadores terão que provar, afinal, a história do boi comido pela onça, dificilmente deixará de ser contada pelos surubinenses.

De uma simples fazenda, um boi e um pequeno oratório dedicado a São José, surgiu um dos maiores e mais importantes municípios do interior pernambucano e terra de filhos ilustres, como diz o seu hino, como Chacrinha, maior apresentador da tv brasileira; Capiba, maior compositor de frevos do país; Zito Barbosa, grande locutor das vaquejadas; Antônio Farias, ex-senador da República; Geraldo Barbosa, ex-deputado estadual e governador interino do estado; e  de José Nivaldo, médico e escritor imortal da Academia Pernambucana de Letras.

Além de conhecida nacionalmente como a Capital da Vaquejada, por ter a primeira e mais antiga vaquejada urbana do país,  de acordo com o historiador e escritor Fernando Guerra, Surubim também se destaca na cultura por possuir o maior carnaval fora de época de Pernambuco,  com dez trios elétricos arrastando uma multidão de 120 mil foliões e encerrando o carnaval do estado.

No sítio Cachoeira do Taépe, a Casa Grande do século XVIII é outro patrimônio cultural e histórico do seu povo. Construída por um português próxima às margens do rio Capibaribe para ser uma fazenda de algodão  e criação de gado, a construção é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional -IPHAN, como modelo único de residência colonial no país. Recentemente a mesma foi restaurada pela Família Negrinho, que é sua atual proprietária.

Bem próximo à Casa Grande da Cachoeira do Taépe, está a barragem de Jucazinho, localizada no rio Capibaribe, maior reservatório do Agreste e um dos maiores do estado. Nela a piscicultura se desenvolve e os turistas marcam presença durante todo o ano.

Na economia, Surubim apresenta-se como o maior polo econômico da região, atraindo pessoas de onze municípios de Pernambuco e dois municípios da Paraíba, que juntos somam uma população de 298.580 habitantes. Essa população utiliza-se da sua rede bancária, além do seu setor de comércio e serviços. Sendo o maior polo de eletrodomésticos da região, o município dispõe de cinco agências bancárias e diversos correspondentes, além de grandes lojas de rede como a Americanas, Magazine Luiza e Casas Bahia.

Surubim também faz parte do Polo de Confecções do Agreste. Embora pouco divulgado, o município é o quinto maior produtor do polo, ficando atrás apenas de Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe, Toritama  e Pão de Açúcar em Taquaritinga do Norte. De acordo com dados da antiga ACIASUR - Associação Comercial e Industrial de Surubim, a Terra da Vaquejada contava com mais de trezentas fábricas de confecções.

O município é também sede de importantes órgãos públicos da região como o Detran, 22º Batalhão de Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Tribunal de Contas do Estado, SASSEPE, INSS, Tribunal Regional Eleitoral, entre outros. Isto demonstra a  sua importância no interior do estado e o seu desenvolvimento.

Nos últimos anos o setor educacional  também teve um grande crescimento na cidade, com a chegada dos polos de educação superior a distância como a Universidade Aberta do Brasil, Uninta, UNOPAR, UNICESUMAR, Unifacvest, Estácio e nos próximos dias está  para ser inaugurada  a UNIASSELVI. No ensino presencial  destaca-se a Faculdade Duarte Coelho.

Surubim está também consolidando-se como um polo médico no Agreste, com a presença de um hospital regional, o São Luiz, uma UPA Municipal, a Policlínica Estefânia de Farias, além de diversas clínicas privadas e laboratórios, com destaque para o Instituto Roberto Mateus, um dos maiores e mais modernos centros médicos da região.

Cidade mãe de Casinhas e de Vertente do Lério, Surubim entra no século XXI como um dos municípios que mais cresce no Agreste, tendo sua população ultrapassado a de Limeiro em quase dez mil habitantes. Atualmente, de acordo com dados recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, sua população é de 65.647 habitantes, a segunda maior do Agreste Setentrional, atrás apenas de Santa Cruz do Capibaribe.


Por João Paulo Lima

Professor, blogueiro, estudante de jornalismo e surubinense apaixonado por sua terra


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