Terra de vocação para a agropecuária, em especial para o algodão e a criação de gado, sua história sempre esteve atrelada a essas culturas e também a um tradicional esporte nordestino criado aqui na década de 30, a vaquejada. Entre tantas capitais, recebeu um título que marca o povo nordestino: Capital da Vaquejada. No entanto, diga-se de passagem, o parque de vaquejada necessita ainda de muitos investimentos em infra-estrutura para fazer jus ao título da vaquejada que possui e oferecer aos surubinenses orgulho e ao turistas conforto.
Berço de Chacrinha e de Capiba, Surubim não faz alusão alguma a memória de seus filhos ilustres na sua entrada. Não há sequer uma placa no trevo rodoviário que mostre aos que por ali passam diariamente que aqui nasceram dois dos mais ilustres filhos de Pernambuco e do Brasil: o maior compositor de frevo do país e o maior comunicador da televisão brasileira. Museu então é um sonho. O único que possuía com as memórias de Chacrinha, mantido com muita luta por uma prima sua, a famosa Marisa do Museu, fechou há mais de uma década e até hoje não houve interesse da administração municipal em reabri-lo. Vergonhoso, como surubinense apaixonado por minha terra que sou, saber que o legado desses dois ilustres surubinenses está esquecido na mente do povo e no baú das lembranças. Salvo algumas empresas, a exemplo do Restaurante Cristal que espalhou fotos em seu espaço físico contando um pouco sobre a vida desses famosos filhos da terra e de alguns poucos apaixonados pela história de seu povo, como o Edvaldo Clemente e seu site Minha Rua Tem Memória, nosso passado está aos poucos se extinguido na atual geração.
A história de Surubim está sendo apagada também por obras comerciais que destroem o patrimônio arquitetônico do município para a construção de grandes lojas e pontos comerciais, sem intervenção alguma da Prefeitura Municipal. Nem a administração municipal nem a Câmara de Vereadores se preocupam em manter preservados os prédios históricos da cidade que estão virando pó e restos de concreto espalhados pelo centro da cidade, apagando para a atual e futura geração nossa riqueza arquitetônica.
Rica em história, Surubim sofre pobre em cultura. Matamos os pastoril tão cantado no hino, resta pouco do côco-de-roda, já não há mamulengo. Sem um museu, a população de mais de 60 mil habitantes, hoje uma cidade maior que Limoeiro, não conta também com teatro nem com cinema. O antigo Cine São José, hoje Igreja Universal do Reino de Deus, vive apenas na lembrança do nosso povo, sem os jovens terem o privilégio e o direito de o verem funcionando. A história cinematográfica do interior pernambuco também foi apagada em Surubim.
Poetas, cantores, artistas plásticos, compositores, apresentadores de TV, radialistas, padres e políticos e uma enorme gama de pessoas ilustres seguem esquecidos na cidade de Capiba e de Chacrinha. A cultura hoje se resume a bandas católicas, evangélicas e alguns poucos shows de forró ou brega, que são colocados em praça pública nas festas que acontecem na cidade em determinados períodos do ano.
Ótima iniciativa a Semana Cultural. Mas fico me perguntando: cultura tem que ter semana? Não pode ser todo dia? Que bom seria se fosse Semanas Culturais, no PLURAL. Penso que toda semana deveria haver uma semana cultural no centro da cidade, nas escolas, nos auditórios espalhados pela cidade e todos fechados mofando, nas quadras cobertas da zona rural e urbana, no centro cultural que está abandonado a própria sorte, evitando assim a presença tão frequente de jovens em bares da cidade, quem em geral é o único lugar de lazer que tem e diminuindo também, na minha percepção, a quantidade absurda de acidentes de trânsito com jovens embreagados na cidade. Sem museu para visitar, sem teatro, sem música, sem cinema, sem esporte, o que resta para os jovens? Beber, cair e levantar, como diz uma famosa música.
Saudemos essa querida cidade por seus 86 anos de vida. Festejemos merecidamente seu aniversário de emancipação, mas pensemos urgentemente na Surubim que está se apagando, morrendo em história e em cultura no decorrer dos anos. Lembremos que Surubim tem uma origem e que esta está aos poucos sendo esquecida pelos jovens e pela atual geração por falta de uma cultura de valorização da nossa história.
Parabéns Surubim! E que as futuras gerações saibam valorizar tua história e tua cultura mais que a atual!
Texto e foto: João Paulo Lima
Professor de Geografia, Blogueiro e Poeta surubinense
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