segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Da tela ao palco: Chacrinha, Roque Santeiro e Trapalhões viram musicais


Rodrigo OrtegaDo G1, em São Paulo
Imagens originais do cartaz do filme 'Os Saltimbancos Trapalhões' (1981), do programa 'Cassino do Chacrinha', nos anos 80, e da novela 'Roque Santeiro (1985). Mais conhecidas nas telas, estas histórias e personagens vão virar musicais em 2014 e 2015 (Foto: Divulgação e Site Memória Globo)Imagens originais do cartaz do filme 'Os Saltimbancos Trapalhões' (1981), do programa 'Cassino do Chacrinha', nos anos 80, e da novela 'Roque Santeiro (1985). Mais conhecidas nas telas, estas histórias e personagens vão virar musicais em 2014 e 2015 (Foto: Divulgação e Site Memória Globo)
Cenas marcantes nas telas brasileiras vão ser materializadas - e sonorizadas - nos palcos, em projetos de musicais brasileiros. Em 2014 e 2015 estreiam "Chacrinha, Velho guerreiro", "Os Saltimbancos Trapalhões - O musical" e "Roque Santeiro - O musical". As três peças recriam histórias clássicas na TV e no cinema do Brasil.

O êxito do gênero nos últimos anos no Brasil destacou várias obras estrangeiras ("My fair lady", "A bela e a fera"). Há sucessos mais recentes sobre cantores locais ("Tim Maia " e "Elis, a musical"). Aniela Jordan, sócia da Aventura, de "Chacrinha, velho guerreiro", vê a deixa para variar a onda brasileira - não só com musicais sobre músicos. "Agora que formamos público e atores, é hora de investir mais em coisas nacionais, de nossa cultura tão diversa", diz Aniela.
"Só temos a ganhar com essa memória afetiva das pessoas. Quem viu na TV não vai esquecer. No musical, elas vão poder ver outra versão, comparar, ampliar e ter outro olhar sobre a obra", diz Elza Costa, sócia da Brancalyone, produtora que vai adaptar "Roque Santeiro" a partir do texto de Dias Gomes para o teatro.
A Aventura já se aventurou por este caminho mais brasileiro herdado da TV e cinema."E se eu fosse você - O musical", inspirado nos filmes de 2006 e 2009 fez temporada no Rio e atualmente está cartaz em São Paulo.
Saiba mais sobre musicais que vão levar clássicos brasileiros da tela aos palcos:
Cartaz original do filme 'Saltimbancos Trapalhões'. Texto que inspirou o longa de 1981 será adaptado para musical em 2014 (Foto: Divulgação)Cartaz original do filme 'Os Saltimbancos Trapalhões'.
Texto que inspirou longa de 1981 será adaptado
para musical  em 2014 (Foto: Divulgação)
A gente está trazendo esse ídolo para o palco. Ele [Renato Aragão] nunca fez teatro ao vivo"
Claudio Botelho, diretor
"Os Saltimbancos Trapalhões - O musical"
O musical com Renato Aragão tem a estreia mais próxima: 26 de setembro. É o único destes três espetáculos estrelado pelo mesmo ator que brilhou na frente das câmeras. O intérprete de Didi, de 79 anos, vai ter sua primeira vez nos palcos. "A gente está trazendo esse ídolo para o palco. Ele nunca fez teatro ao vivo", comemora o diretor Cláudio Botelho. Dedé Santana e a filha de Renato, Lívian Aragão, também estão no elenco.
Trata-se de um retorno às origens no palco. A história dos Saltimbancos encarnada por Didi e turma - assim como a de Roque Santeiro -, foi marcante nas telas, mas veio do teatro. "Os Saltimbancos" surgiu como peça em 1977 e virou filme com os Trapalhões em 1981. A peça é adaptação de Charles Möeller para o conto “Os músicos de Bremen”, dos irmãos Grimm, com versões musicais de Chico Buarque.
"O elenco tem vários artistas de circo, já que a peça acontece neste ambiente. Vieram acrobatas e trapezistas da Croácia, Espanha e Rússia", conta Charles. Os personagens de Mussum e Zacarias no filme foram excluídos do novo texto. Já a personagem da filha de Renato Aragão foi criada especialmente para a participação dela. Os ensaios começaram no início de agosto - Renato e Dedé começam a ensaiar neste dia 1º, disse o produtor.
Cena original de Abelardo Barbosa no programa da TV Globo 'Cassino do Chacrinha' (Foto: Site Memória Globo / Divulgação)Cena original de Abelardo Barbosa no programa da
Globo 'Cassino do Chacrinha'. Apresentador inspira
novo musical (Foto: Site Memória Globo / Divulgação)
Vamos fazer um espetáculo muito louco, igual ao Chacrinha. Quero que apareça muita gente maluca"
Aniela Jordan, produtora
"Chacrinha - Velho guerreiro"
Com roteiro de Pedro Bial e estreia em direção de musicais de Andrucha Waddington, "Chacrinha - Velho Guerreiro" será lançado no Rio em 14 de novembro. A previsão é de quatro meses de temporada carioca e, em seguida, o mesmo tempo em São Paulo.
A história será contada com dois atores principais. O mais jovem vai encarnar a história pessoal das origens de Abelardo Barbosa. "A buzina do Chacrinha, por exemplo, veio da infância pobre do Abelardo. Ele ajudava o pai, vendedor, a atrair clientes com essa buzininha", conta Aniela Jordan. O mais velho vai mostrar a face mais conhecida do apresentador de TV. O orçamento é de R$ 8 milhões.
A produtora tem uma estratégia definida para levar um sucesso da TV para o formato de musical: fazer com que o público se sinta dentro do estúdio de gravação, como se fosse um programa do artista. "Vamos fazer um espetáculo muito louco, igual ao Chacrinha. Não dá para falar dele e ser careta. Vamos reproduzir um auditório e chamar a participação do público, como ele fazia.", diz Aniela. "Quero que apareça muita gente maluca", espera.
Imagem original da novela 'Roque Santeiro', da TV Globo, de 1985. Texto de Dias Gomes vai virar musical (Foto: Site Memória Globo / Divulgação)Imagem original da novela 'Roque Santeiro', da TV
Globo, de 85. Texto de Dias Gomes vai virar musical
(Foto: Site Memória Globo / Divulgação)
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Queremos usar a dramaturgia brasileira para fazer musicais com cara nacional"
Elza Costa, produtora
"Roque Santeiro - O musical"
Em agosto deste ano, a Brancalyone, mesma empresa que montou "Rita Lee mora ao lado", teve aprovada pelo Ministério da Cultura uma verba de R$ 2,8 milhões para a execução do musical de "Roque Santeiro" pela Lei Rouanet. Segundo a produtora Elza Costa, o espetáculo tem previsão de estreia para 2015. O papel principal já foi confirmado pelo ator português Ricardo Pereira (das novelas "Aquele beijo", "Joia rara" e outras).
O texto é baseado na peça escrita por Dias Gomes em 1963, de nome original "O berço do herói". A peça foi montada dois anos depois e censurada pelo regime militar. Em 1975, a TV Globo começou a fazer a novela baseada no texto, mas a censura barrou novamente. Só com o fim da ditadura, em 1985, "Roque Santeiro" foi ao ar. Foi um sucesso enorme de José Wilker (Roque Santeiro), Regina Duarte (Porcina) e Lima Duarte (Sinhozinho Malta).
A produtora do novo espetáculo aposta em duas paixões do brasileiro: a história do "milagreiro" que volta à vida em Asa Branca e o gosto por musicais. "Eu acho que a linguagem do musical pegou o brasileiro pelo coração", opina Elza Costa. Ela espera que a produção ajude a consolidar uma cara brasileira para os musicais atuais. "Queremos usar a dramaturgia brasileira para fazer musicais com cara nacional", diz.
Fonte: G1

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