PARIS (Reuters) - As gravações contidas nas caixas-pretas que não foram divulgadas ao público revelam que os pilotos do vôo Rio-Paris não modificaram a rota do avião apesar de uma região de tempestade, escreveu o jornal Le Figaro, que circulará no sábado.
Esses elementos não foram publicados para proteger a Air France e os tripulantes e porque eles não explicam o drama ocorrido no dia 1 de junho de 2009 e a queda do avião no Atlântico provocando 228 mortes, diz o diário.
Apesar de todos os aviões presentes naquela zona terem optado por modificar a rota para evitar uma região de cúmulos nimbus (nuvens pesadas), o comandante a bordo do vôo AF 447 disse a seu colega: 'Não vamos nos deixar chatear pelos cunimbs', relatou o Le Fígaro.
Os 'cunimbs' são os cúmulos nimbus carregados de gelo capazes de provocar o congelamento das sondas de velocidade Pitot. O AF 447 modificou sua trajetória em 12 graus apenas ao se aproximar de um fenômeno meteorológico. Seria muito tarde para evitá-lo.
Sempre segundo o jornal, vinte minutos antes do acidente, o comandante de bordo anuncia: 'Vai ter turbulência quando eu for me deitar'. Depois, no momento em que deixa o cockpit, diz: 'Bem, vamos lá, estou fora'.
O comandante, portanto, teria se deitado um pouco antes sabendo das turbulências que marcariam o início do drama.
A polêmica desencadeada pelos pilotos sobre o último relatório do Escritório de Investigação e Análise (BEA) 'é, portanto, mal recebida pelos membros do BEA, que garantem não privilegiar nem a Air France nem a Airbus', ressalta o Le Figaro.
O anúncio da retirada dentro de um relatório oficial sobre o acidente do vôo Rio-Paris de uma recomendação sobre o alarme de interrupção de contato relançou no início da semana a guerra entre os atores do dossiê, com implicações para a Aeronáutica.
Diante das críticas ao BEA, suspeito de querer preservar a construtora Airbus, o ministro dos Transportes, Thierry Mariani, defendeu na quarta-feira uma 'investigação exemplar'.
No seu relatório, o organismo encarregado das investigações técnicas levantou em questão a formação e a reação da tripulação depois da perda de contato do Airbus A330.
(Reportagem de Gérard Bon)
Fonte: Portal MSN
Nenhum comentário:
Postar um comentário